7 de jan. de 2025
16 de out. de 2024
9 de jul. de 2024
4 de nov. de 2023
22 de set. de 2023
Notas do último dia de estágio no Hospital dos Pescadores
Há muito tempo pensava em fazer algo de diferente, algo "radical". Escalar um pico, alguém sugeriu, mas eu já o fiz; pegar a moto e sair rodando o Brasil, recomendou outra pessoa, só que eu também já havia feito isso. E embora essas e outras coisas sejam aventuras que pretendo voltar a viver, estava afim de algo diferente nesses últimos tempos.
Foi pensando nisso que, há um ano, me inscrevi num curso técnico de enfermagem. Taí uma louca aventura. Apliquei injeções, massageei um bocado de gente, me emburaquei nos corredores de um hospital caótico prestando todo tipo de auxílio a quem quer que fosse. Foi divertido.
5 de set. de 2023
MICHEL ONFRAY escreve, no prefácio autobiográfico de um de seus mais preciosos livros, que seu pai, solteiro por muito tempo, somente o teve aos 38 anos. Eu pensei que me identificaria, pelo caráter estimulante das ideias de Onfray, com ele próprio; mas o destino me obriga a me identificar com seu pai, vez que eu, também solteiro por muito tempo, assim como ele somente serei pai aos 38 anos - 5 de maio de 2024, se tudo der certo...
20 de fev. de 2023
21 de jul. de 2022
Marco Aurélio, como outros estoicos, gostam de enfatizar a coragem como um importante atributo do indivíduo. Pessoalmente, entendo a funcionalidade de reforçar essa conduta naqueles tempos; na contemporaneidade, não tenho certeza do quão útil ela é. Digo isso porque a coragem, em tempos de sociedade acelerada e hiperconsumista, com certa frequência se confunde com inconsequência, ausência de ponderação. Como Bardamu, de Céline, prefiro pensar a coragem como secundária, e uma certa covardia como virtude. Talvez não haja nada mais estoico do que isso. É claro, lembrando que, para Bardamu, a covardia não significa ausência de ação...
13 de ago. de 2020
5 de ago. de 2020
25 de jul. de 2020
15 de abr. de 2020
Eu me lembrei de uma noite na estrada... viajando de moto... um frio de correr os ossos, e eu desabrigado, pois perdera a jaqueta numa queda no estado anterior... eu estava em Minas, e como em todas as estradas daquele lugar, eu pilotava tendo ao meu lado um desfiladeiro... eu queria chegar na próxima cidade, mas a próxima cidade nunca chegava... o breu era tamanho que a luz das estrelas faziam parecer dia, vez que eram a única fonte de iluminação, além do farol de minha moto... mas o frio me matava, e eu começava a delirar... os reflexos começavam a me escapar, e por duas ou três vezes eu tive que frear bruscamente em curvas para não passar direto e rolar montanha abaixo...
Isso não foi tudo sobre essa noite...
14 de abr. de 2020
20 de out. de 2019
Ontem, quando ia ao cinema, às 22h, senti vontade de morrer. Consegue entender isso sem levar pro drama? Eu não pensava, oh, o mundo me odeia, quero morrer. Apenas senti vontade. E então acelerei o carro. Acelerei pra caralho, o mais rápido que pude. Acho que foi apenas um lapso, uma vontade ocasional, e não um desejo. Senão, eu poderia ter morrido fácil fácil, era só tirar o cinto, jogar o carro pro lado, pra cima do canteiro e com algumas capotadas dificilmente sobreviveria. É por isso que não quero ser dramático. Foi apenas uma vontade, manifesta numa força que nunca pus ao acelerar. E aí, quando a pista apresentou um pequeno desnível, e então eu perdi parte do controle do carro, derrapei na avenida, e após um ziguezague no asfalto, tive um leve encontrão no acostamento. A vontade de morrer se converteu numa forte sensação de que aconteceria. Mas não era a sensação que eu queria. Naquela hora da noite aquela rodovia larga era muito pouco movimentada. Fiquei ali, pensando. Então aprumei o carro, estacionei, saí e sentei no meio-fio, ainda absorto em pensamentos. Depois, voltei pra casa.
28 de set. de 2019
9 de mai. de 2019
7 de abr. de 2019
Esses dias recebi um fora, mas um fora light. A garota disse que queria ser minha amiga, sair comigo, ir pro cinema, pro teatro, qualquer coisa assim, mas que não rolaria nada entre a gente.
Pensei: alguém pra ir pro cinema, pro teatro, mas sem que precise rolar nada? Perfeito. Era tudo o que eu tava querendo.
6 de abr. de 2019
agora sim
Eu odiava o fato de ser baixo, ter apenas, sei lá, 1,62m de altura, carregava esse complexo desde sempre, me sentia inferiorizado diante das garotas, da rapaziada, de todo mundo, e como se não bastasse o fato de ser baixo, outros fatores se somavam a isso e até hoje sou meio corcunda, de tanto abaixar a cabeça consentindo qualquer coisa que me requerem, e isso tudo me dava uma triste impressão de que eu poderia viver coisas que infelizmente me são subtraídas por essa condição babaca e pelas convenções sociais existentes em torno dela, e até alguns poucos alentos que eu tinha, quando por exemplo via pela TV o "baixinho Romário", meu ídolo futebolista de garoto, bem, mesmo esses alentos não duravam muito, pois o dito baixinho só o é pros padrões europeus... ele tem uns 10cm a mais do que eu
Porém, um dia, nessas andanças, eu vi por aí um outro cara que eu admiro muito, que aprecio, que canto junto, não só desde moleque, mas desde sempre e para sempre... o Geraldo Azevedo, grande Geraldo Azevedo... nos vimos por pouco tempo, prosa rápida, aperto de mão caloroso, mas o mais importante pra mim foi ver que Geraldo Azevedo era baixinho que nem eu, da minha altura, aliás, acho até que mais baixo...
Eu devia ter uns 28, 29 ou 30 anos, mas foi ali que pensei Agora sim, tô pronto pra vida...
1 de abr. de 2019
17 de mar. de 2019
13 de mar. de 2019
a última vez que me emocionei
Leon, eu nem sei como agradecer, viu? Você é um ser humano incrível, não só porque me socorre na hora das faltas de energia, mas porque nunca conheci alguém com tamanha boa vontade e atitude em ajudar ao próximo! Você não se diz cristão, mas a maioria de nós está longe de ter a mesma empatia e caridade, que são, inclusive, características que Cristo nos deixou como mandamento, que você demonstra pelos outros!
3 de mar. de 2019
28 de fev. de 2019
Gotas de filosofia
O mundo é naturalmente caótico ou ordenado?, eu me peguei com essa questão na cabeça.
Mas ser caótico ou ser ordenado depende dos critérios que estabeleçamos. Ele pode ser as duas coisas ou uma terceira para a qual ainda não tenhamos atentado. Só que, eu sei, essa é uma resposta evasiva. Tentando, portanto, ser mais conclusivo, diria que o mundo, o universo e tudo mais são a ordem do caos. É sempre caos porque é sempre movimento. O que é a ordem? Um instante talvez impossível de destacar entre um movimento caótico e outro.
26 de fev. de 2019
"Tchau", ela me diz, apenas, ignorando que se dependesse de mim ficaríamos por mais tempo, passearíamos por mais tempo, conversaríamos por mais tempo, faríamos companhia um ao outro por mais tempo - ou talvez não ignore, talvez saiba que se dependesse de mim seria mesmo desse jeito, mas por isso ela não aceita (porque não quer que dependa de mim), então ela se vai e eu fico entre o lamento por terem acabado aqueles momentos em que estivemos juntos e o deleite por tê-los vivido, consolando-me em silêncio, enquanto a vejo se afastar pelo para-brisa embaçado ou pelo retrovisor sujo, quase segurando a respiração, contando cada um dos seus passos apressados e sem olhar para trás, até o momento em que ela se mistura às sombras e eu já não sei bem se ainda a tenho em vista ou se ela já escapuliu do cenário, e eu então coloco o cinto, que sempre tiro (pra quê?), ligo o carro, que sempre desligo (por quê?) e aumento o volume do som para afastar meus pensamentos e me distrair, porque voltar para casa sozinho é sempre algo tormentoso na minha cabeça, pois em todas as vezes eu fico rememorando cada segundo e imaginando como poderia ter sido diferente (mas que bom que não foi, quem sabe), desde o começo, quando nos encontramos, ou desde antes, quando saio de casa, até a última palavra que lhe digo, quase sempre o germe de uma sensação que me acompanhará por dias - uma sensação fatal de arrependimento, de pesar, de desgosto, de constrangimento, de penitência, de castigo, por acreditar que eu poderia ter dito muito mais do que apenas "tchau".
8 de fev. de 2019
6 de dez. de 2018
27 de out. de 2018
Quando me perguntam por aí sobre meu pai (que não conheço), eu digo sempre: meu pai é Lula. Tem gente que acha que eu falo brincando...
12 de out. de 2018
12 de ago. de 2018
24 de jun. de 2018
23 de jun. de 2018
17 de jun. de 2018
16 de jun. de 2018
3 de jun. de 2018
14 de fev. de 2018
12 de fev. de 2018
O choro e o carnaval
É carnaval no meu país,
com máscaras se cobre o rosto,
trazendo em si um pressuposto,
como quem diz "eu sou feliz".
Com máscaras se cobrem as dores,
as ruas se enchem de gente,
E os corpos, cheios de cores,
cansados, ficam dormentes.
Amanhã vai-se o carnaval
mas as dores ficam conosco
e as máscaras não servem mais.
E então tudo volta ao normal,
e o mundo, embaçado e fosco,
chora até outros carnavais...
1 de dez. de 2017
17 de set. de 2017
desde quarta-feira
13 de ago. de 2017
3 de jul. de 2017
Eu apaguei tudo
Me desculpa
se falei demais
Se falhei ao ser
pra você o que queria mais
Me desconte
um valor
que eu mereça pagar
minha conta
é pura dor
não dá mais pra aguentar
Me desculpa
Me desconta
Se você
dissesse que talvez
em outra ocasião
e eu lhe perguntasse o porquê
Em silêncio
tudo que tentei dar pra você
desmoronaria
sem chance de reverter
Não importa mais
já que tanto faz
Um dia, na beira da praia
eu construí um castelo de areia e água
e depois desmoronei tudo
desmoronei tudo
Um dia, no meio da rua
eu desenhei um planeta acompanhado de uma lua
e depois apaguei tudo
eu apaguei tudo
6 de mai. de 2017
Mudando de assunto, vc foi meu professor de Geografia, Filosofia e Sociologia no Castro Alves. O melhor que eu tive diga-se de passagem. Depois que o senhor saiu eu não aprendi mais nada nessas matérias.
14 de abr. de 2017
5 de abr. de 2017
- Você não vai com a nossa cara, seu merdinha. Mas foda-se. A vida é assim, e você vai ter que aguentar.
Não durei nem dois meses na peixaria. Mas o temor daquela vida de merda ainda me acompanhou durante muito tempo...
8 de fev. de 2017
11 de jan. de 2017
eu me lembrei que eu imaginava o mesmo sobre meus colegas de ensino fundamental, concluído lá no longínquo final dos anos 90.
todos dispersos pelo mundo, ninguém mais se lembra de ninguém, eu pensava.
até que uma menina daquela época me localizou.
e me colocou num grupo de whatsapp.
estava todo mundo lá.
26 de dez. de 2016
13 de dez. de 2016
diz um tio meu que...
1 de out. de 2016
27 de set. de 2016
Para Vivian
Nada do que eu diga agora faz sentido,
e tanto faz já o tudo que disseram.
As frustrantes sensações que se impuseram
são por nada mais poder ser revertido.
Dito isso, só queria dizer agora
que sei que não existe nunca boa hora
para se dizer adeus ou pra silenciar
no momento em que é preciso ir embora.
Mas por saber da forma como aconteceu
e por imaginar o sofrimento do instante,
não posso deixar de me impactar
com o gesto daquele inútil meliante.
Fui pego de surpresa após 30 dias,
depois de insistentes notificações
que construíam mil e uma teorias
profetizando suas novas aparições.
Fiquei pensando nesses anos de silêncio
e nos tantos silêncios que acumulamos,
nos amigos que se foram nesse tempo
e nos que de vez em quando ajudamos.
A Maria vai bem, animada, e a Leci
- dessa não dá pra dizer o mesmo.
A sua filha Tâmisa, enfim, eu conheci
pela nota jogada na internet a esmo,
o Zé Reinaldo há tempos não vem a Natal,
sobre Márcia ninguém mais falou,
tá tudo em branco, tudo assim, sem sal,
como aquelas fotos que você mandou.
Ficam aquelas boas lembranças de amigo,
apesar de toda a sensação ruim.
Nada do que eu diga agora faz sentido,
não existe boa hora para o fim.
25 de set. de 2016
E fico então no aguardo
da próxima pessoa que tenha perguntas sobre Cuba,
ou sobre qualquer coisa.
Porque eu também preciso conversar.
23 de set. de 2016
11 de set. de 2016
fins de 1997
havia bem ali um terreno baldio
um descampado enorme, com barro e lixo
pensei: seria legal se fizessem algo aqui pra pessoa poder passar o tempo
anos depois, o governo limpou tudo
construiu umas duas quadras
achei que tinha ficado bem legal mas ainda precisava de mais
outros anos passaram
e o governo reformou as quadras e pavimentou parte do terreno
colocou um gramado e tudo
e ficou bem legal
mas ainda faltava uns bancos pra pessoa se sentar
então após mais uns anos
o governo instalou bancos e plantou umas arvores
e eu pensei:
vai ficar massa quando essas árvores fizerem sombra
hoje, 20 anos depois
o gramado cresceu
as arvores ja fazem alguma sombra
alguns bancos foram depredados, mas a maioria permanece lá
e só agora eu fiz o que esperava desde muito tempo:
sentei
e pronto. assim permaneci por horas.
27 de ago. de 2016
26 de ago. de 2016
19 de ago. de 2016
7 de ago. de 2016
6 de ago. de 2016
4 de ago. de 2016
do tempo que eu era mais amargo
2 de ago. de 2016
1 de ago. de 2016
um e-mail que escrevi há muito tempo e nunca enviei
que merda.
até amanhã... depois, logo se vê.
31 de jul. de 2016
30 de jul. de 2016
27 de jul. de 2016
22 de jul. de 2016
HAHAHAHAHA QUEM SABE ELE APRENDE
SAUDADES
Eu não tinha entendido, só entendi quando vi as fotos. Rodrigo estava acabado, havia sofrido um acidente de carro e era só cacos, com lesões que iam desde pequenos arranhões na bochecha até uma fratura horrível nos metatarsos que o impediria até de colocar o pé no chão por um tempo, mas estava vivo, e chegava até a sorrir em uma das sete fotografias, fazendo um sinal com as mãos...
21 de jul. de 2016
como era boa a vida
antes de tu começar
a entrar nos
descaminhos dela...
20 de jul. de 2016
17 de jul. de 2016
Quando eu terminar a faculdade farei isso,
quando eu tiver salário farei aquilo...
Mas um dia, eu pensei,
Porra,
eu tô com 27, 28 anos,
dizendo a mesma coisa que dizia a mim mesmo há uma década.
E eu estava ali, com salário, com diploma, mas almoçando com talheres de plástico
num restaurante de supermercado.
Foi quando eu pude entender
que a vida é isso que vai passando
enquanto a gente pensa que é outra coisa.
14 de jul. de 2016
trecho de um prefácio que escrevi para o livro de um amigo
Um poema nunca nasce do vazio.
de sangue corrente nas veias.
eles podem denunciar, podem tripudiar.
em relação às coisas do mundo.
nem sempre pela maneira como gostariam de ser interpretados,
mas sim como o leitor deseja interpretar
— ou interpreta, mesmo que não deseje.
(ou as mentiras da verdade),
e no leitor é que o confronto entre o poema e a realidade acontece.
9 de jun. de 2016
- Há certas pessoas que precisam de um empreguinho garantido no governo e você é uma delas.
Se essa sentença fosse dirigida a mim, a única coisa que eu responderia era: "sou mesmo".