Dudu, todo fim de tarde, jogava bola
jogava bola com os amigos da escola
na quadra da escola só tinha uma trave
mas eles resolviam fácil esse entrave
A outra trave era improvisada com um muro
que separava a escola duma residência
era um muro alto, bem fechado e seguro
ultrapassá-lo parecia uma penitência.
Mas às vezes a bola caía
do lado de lá do muro
e os meninos então gritavam
mas gritavam no escuro
Muitas vezes demoravam
para devolver a bola
às vezes todos já tinham
ido embora da escola
Numa certa vez, demoraram
a mandar a bola de volta
e os meninos ficaram
a um passo da revolta
Disseram "Dudu, pula o muro
e pega a nossa bola"
mas diante do obscuro
Dudu então se descontrola
chora, esperneia e grita
mas não vai adiantar
porque Mané, um troglodita
o obriga a aceitar
Então, Dudu sobe o muro
e aquilo que ele viu
não tinha nada de obscuro
como pensava seu medo vil
Naquele quintal, tinha meninos
gramado, traves bonitas
outra bola, que de tão moderna,
parecia até esquisita
Havia camisas de times,
até uma pequena torcida
de quatro ou cinco meninas
(uma bem aborrecida)
E Dudu ficou espantado
com o que presenciou
pediu de volta a bola
e um deles lhe entregou
mas antes de Dudu voltar
convidaram-no pra ficar
mas ele não podia
se atrever a descer lá
Voltou então pros amigos
com essa imagem na mente
percebeu que aquele perigo
era então inexistente
E a partir de então
ele passou a imaginar
que todos os muros escondiam
algum incrível lugar
mas um lugar que aprisionava
a vida, as coisas boas
e também que separava
aquelas de outras pessoas.
9 de jan. de 2013
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