(Eu estava bebendo conhaque e olhando Júpiter pela janela. Gabriela estava fazendo não sei o que, fora de minha vista e de minha audição; mas como ela quisesse conversar, então me virei em sua direção.)
GABRIELA
Você gosta de tristeza?
(Eu me fiz de desentendido.)
LEON
O livro? Um dos melhores que já li.
(Ela riu. Depois ficou com um pequeno sorriso, mas meio sem querer perguntar novamente.)
GABRIELA
Não é isso não...
LEON
O sentimento, é?
GABRIELA
Sim.
LEON
Não necessariamente gosto... Convivo com ele. Acho que a vida é triste. Os momentos de alegria são lapsos. (dei uma boa parada, coloquei mais um pouco de conhaque e bebi antes de continuar a falação.) A nossa condição existencial é a solidão, e não nos conformamos com isso. Porque fisiologicamente somos um animal social, mas existencialmente, somos solitários.
GABRIELA
Puxa. (parecia surpresa, mas não demonstrava ter nada mais a dizer.)
(Continuei como se não a tivesse ouvido.)
LEON
... Então, acho que quando se adquire mais percepção a respeito das vicissitudes, os dilemas que a vida oferece, cada vez mais se entende que tudo o que conhecemos por reconhecimento, conquista, é pueril e simplório demais... Não sustenta nenhum senso de grandeza. Sendo assim, é uma sensação (a conquista, a vitória, a alegria) que surge e tende a esmorecer rápido, antes que nos demos conta disso... Isso só perdura naqueles que ignoram o lado obscuro da vida.
GABRIELA
Acha mesmo?
(Fui sentencioso.)
LEON
Acho sim.
(Silêncio, por alguns minutos. Gabriela estava rabiscando algo, eu estava bebericando e olhando-a fixamente. Como se tivesse se lembrado de algo, ela virou o rosto para mim rapidamente.)
GABRIELA
Eu nunca parei pra pensar sobre essas coisas.
LEON
Eu sempre parei, era só o que eu fazia... não fazia mais nada, afinal. Agora continuo não fazendo muita coisa, eu me acostumei com essa condição.
(Ela fazia murmúrios, como se procurasse as palavras.)
GABRIELA
E antes de pensar tanto sobre essas coisas, você era mais alegre?
LEON
Não. Por isso, eu achava que havia algo errado comigo. Sentia-me desprezado, injustiçado, relegado... Achava que as pessoas eram más e esperava sempre algo delas que nunca me ofereciam, em momento algum.
GABRIELA
Continua.
LEON
Depois, entendi que não se tratava disso. Ainda é estranho aceitar, claro. Há ressentimentos e coisas assim. Mas eu passei a entender melhor o porquê de as pessoas agirem dessa maneira. De serem indiferentes a outras, de serem insensíveis, e tal...
GABRIELA
São motivos distintos?
LEON
De modo geral, o motivo é o mesmo... aí cada pessoa tem suas particularidades, que só se diferenciam do todo em alguns casos específicos...
GABRIELA
Entendi.
(Voltei a olhar para a janela. Júpiter ainda estava no campo de vista. Enchi o copo com conhaque e dei uma última olhada para Gabriela. Ela estava me olhando, mas como se não estivesse me vendo, como se eu fosse transparente. Fiz-lhe uma última pergunta.)
LEON
Uma grande bobagem tudo isso?
GABRIELA
Você gosta de tristeza?
(Eu me fiz de desentendido.)
LEON
O livro? Um dos melhores que já li.
(Ela riu. Depois ficou com um pequeno sorriso, mas meio sem querer perguntar novamente.)
GABRIELA
Não é isso não...
LEON
O sentimento, é?
GABRIELA
Sim.
LEON
Não necessariamente gosto... Convivo com ele. Acho que a vida é triste. Os momentos de alegria são lapsos. (dei uma boa parada, coloquei mais um pouco de conhaque e bebi antes de continuar a falação.) A nossa condição existencial é a solidão, e não nos conformamos com isso. Porque fisiologicamente somos um animal social, mas existencialmente, somos solitários.
GABRIELA
Puxa. (parecia surpresa, mas não demonstrava ter nada mais a dizer.)
(Continuei como se não a tivesse ouvido.)
LEON
... Então, acho que quando se adquire mais percepção a respeito das vicissitudes, os dilemas que a vida oferece, cada vez mais se entende que tudo o que conhecemos por reconhecimento, conquista, é pueril e simplório demais... Não sustenta nenhum senso de grandeza. Sendo assim, é uma sensação (a conquista, a vitória, a alegria) que surge e tende a esmorecer rápido, antes que nos demos conta disso... Isso só perdura naqueles que ignoram o lado obscuro da vida.
GABRIELA
Acha mesmo?
(Fui sentencioso.)
LEON
Acho sim.
(Silêncio, por alguns minutos. Gabriela estava rabiscando algo, eu estava bebericando e olhando-a fixamente. Como se tivesse se lembrado de algo, ela virou o rosto para mim rapidamente.)
GABRIELA
Eu nunca parei pra pensar sobre essas coisas.
LEON
Eu sempre parei, era só o que eu fazia... não fazia mais nada, afinal. Agora continuo não fazendo muita coisa, eu me acostumei com essa condição.
(Ela fazia murmúrios, como se procurasse as palavras.)
GABRIELA
E antes de pensar tanto sobre essas coisas, você era mais alegre?
LEON
Não. Por isso, eu achava que havia algo errado comigo. Sentia-me desprezado, injustiçado, relegado... Achava que as pessoas eram más e esperava sempre algo delas que nunca me ofereciam, em momento algum.
GABRIELA
Continua.
LEON
Depois, entendi que não se tratava disso. Ainda é estranho aceitar, claro. Há ressentimentos e coisas assim. Mas eu passei a entender melhor o porquê de as pessoas agirem dessa maneira. De serem indiferentes a outras, de serem insensíveis, e tal...
GABRIELA
São motivos distintos?
LEON
De modo geral, o motivo é o mesmo... aí cada pessoa tem suas particularidades, que só se diferenciam do todo em alguns casos específicos...
GABRIELA
Entendi.
(Voltei a olhar para a janela. Júpiter ainda estava no campo de vista. Enchi o copo com conhaque e dei uma última olhada para Gabriela. Ela estava me olhando, mas como se não estivesse me vendo, como se eu fosse transparente. Fiz-lhe uma última pergunta.)
LEON
Uma grande bobagem tudo isso?
(Não me lembro da resposta.)
Um comentário:
Eu tbm me vejo nessa miseria apesar de disfarçar bem , axo que so falsa sei la , mas não convivo bem com isso q nem tu , fico mas triste ainda pego nojo das pessoas etc...... talvez com o tempo eu aprenda !
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