11 de abr. de 2010
Do ABC e das maravilhas correlatas
Hoje, estava convencionado que haveria um jogo do ABC no estádio Frasqueirão. Seria o jogo do título do segundo turno do Campeonato Potiguar. É com essa não tão pretensiosa esperança que eu tomei esse rumo, acompanhado do meu primo de meros onze anos - para mim, a idade da razão. Mas lá chegando, não vi jogo. Só vi baile. Festa e alegria. Confraternização e trocas de carícias entre populares. No gramado, só vi arte. Só vi finta, rebolados, performances tão bem ensaiadas que mais pareciam uma equipe de balé futebolístico. Essas foram as coisas que vi. Além delas, bandeiras, músicas, cantos, coros. Além deles, aplausos e lágrimas. Vozes roucas, faces estupefatas com tamanho brilhantismo. No barbante, o número clássico: cinco. Cinco oportunidades seriam eficazmente aproveitadas pelo ABC naquela hora e meia de tanta emoção. Depois disso, só as graças da conquista. A volta olímpica, o levantamento da taça. O resgate do orgulho abecedista perdido nos últimos tempos de tão pouca vida, tão pouco suor dentro de campo. É a isso que me refiro. A essa sensação gostosa de ser representado e de fazer-se representar no espetáculo. O Mais Querido nos oferece tal maravilha. Graças ao ABC, a poesia vive. Aqueles que não a conhecem, é justo por estarem carentes de abecedismo.
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