Quando comecei a escrever, eu só queria isso: escrever. Exorcizar meus fantasmas, expor minha raiva do mundo e das pessoas. Por meio dos contos, encontrei pessoas (na verdade, elas me encontraram) que de alguma maneira se identificavam com as desgraças ali narradas, e por um bom tempo obtive rápido feedback para as coisas que eu produzia. Cada conto que eu criava, recebia comentários que me faziam crer que alguém tinha entendido algo que ali se passava. Pessoas que depois se interessavam em conhecer melhor a pessoa que escrevia aquilo, e assim fiz amigos com quem compartilhei boas conversas (que me fizeram crer que o problema não era as pessoas, mas a relação que eu mantinha com elas antes), e isso era bom...
Então disseram: escreva um livro. Você é um escritor, esquece esse negócio de escrever de graça em blogs.
Fui na onda: escrevi um livro.
Fiz lançamento, foi bem visitado, esgotei os estoques, fiz novos pedidos de livros à editora, esgotei de novo. Vendeu bem, como se nota.
Mas todos os que compraram nunca comentaram uma linha do que escrevi
Nunca conheci uma pessoa sequer com o livro.
E agora me vejo nesse momento:
escrevendo um segundo.
17 de jan. de 2015
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