Elegia para um inferno de uma dama
alguns cachorros, quando dormem à noitedevem sonhar com ossose eu me lembro de seus ossosna carne
e ainda melhornaquele vestido verde escuroe aqueles pretos e brilhantessapatos,que você sempre sujava quando bebia,seu cabelo descendo sobre você,querendo explodir pra forao que a estava atormentando:memórias podres de umpodrepassado, evocê finalmente saiuforamorrendo,deixando-me com opodrepresente;
você morreu28 anosainda me lembro de vocêmelhor do que qualquer umadas outras;voce foi a únicaque entendeua futilidade dasregras davida;todas as outras estavam apenasdespreparadas comatos triviais,interrompidasinsensatamente sobrea insensatez;Jane, vocêmorreu porsaber demais.
faço aqui um brindepara seus ossoscom os quaiseste cachorroaindasonha.
2 comentários:
Quando li esse poema lembrei imediatamente de um do Quintana, mas só agora pude tecer um comentário. É um dos meus preferidos dele. Tão bonito e de uma sensibilidade única. Trata da ausência, assim como este do Bukowski, mas de uma forma muito diferente. Não por acaso, sou uma admiradora de sua obra. O poema é o seguinte:
Presença
"É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida..."
Um beijo, Leon.
"faço aqui um brinde
para seus ossos
com os quais
este cachorro
ainda
sonha."
Romantismo bizarro e lindo.
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