27 de out. de 2018

Eu me lembro daqueles tempos.

Minha mãe sozinha e me levando pelo braço a cada seis meses trocando de casa, de aluguel em aluguel, cada vez mais distante do centro, depois do outro lado do rio, depois fora da cidade, depois por um tempo num canto que nem energia elétrica tinha (disso ela me poupou; nessa época, morei com minha avó). O pouco dinheiro que tinha, pagava uma escola particular pra mim; mas o dinheiro só cobria a mensalidade. Não cobria os livros. E naquela época não tinha cuidado com infância não; a diretora me xingava quase diariamente na frente de todo mundo não pátio, porque eu não tinha a MERDA de um livro de Matemática. Decidi nunca mais ir pras aulas de matemática. Depois, decidi nunca mais ir pra escola. Eu tinha dez anos, e passei três meses perambulando pela cidade na hora da aula sem ninguem saber, nem a coitada da minha mãe. Depois ela descobriu e fez o certo, me tirou daquele lugar, mas não tinha opção: me meteu noutro pior, uma escola pública cheia de maus elementos. Demorou pras coisas se ajeitarem... eu me lembro de como o ano de 2003, mesmo com o neoliberalês do começo do governo Lula, foi arrebatador em nossas vidas. E os anos seguintes, então... o melhor ainda estava por vir.

Quando me perguntam por aí sobre meu pai (que não conheço), eu digo sempre: meu pai é Lula. Tem gente que acha que eu falo brincando...




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