Eu me lembro daqueles tempos.
Minha mãe sozinha e me levando pelo braço a
cada seis meses trocando de casa, de aluguel em aluguel, cada vez mais
distante do centro, depois do outro lado do rio, depois
fora da cidade, depois por um tempo num canto que nem energia elétrica
tinha (disso ela me poupou; nessa época, morei com minha avó). O pouco
dinheiro que tinha, pagava uma escola particular pra mim; mas o dinheiro
só cobria a mensalidade. Não cobria os livros. E naquela época não
tinha cuidado com infância não; a diretora me xingava quase diariamente
na frente de todo mundo não pátio, porque eu não tinha a MERDA de um
livro de Matemática. Decidi nunca mais ir pras aulas de matemática.
Depois, decidi nunca mais ir pra escola. Eu tinha dez anos, e passei
três meses perambulando pela cidade na hora da aula sem ninguem saber,
nem a coitada da minha mãe. Depois ela descobriu e fez o certo, me tirou
daquele lugar, mas não tinha opção: me meteu noutro pior, uma escola pública cheia de maus elementos. Demorou pras
coisas se ajeitarem... eu me lembro de como o ano de 2003, mesmo com o
neoliberalês do começo do governo Lula, foi arrebatador em nossas vidas.
E os anos seguintes, então... o melhor ainda estava por vir.
Quando me perguntam por aí sobre meu pai (que não conheço), eu digo sempre: meu pai é Lula. Tem gente que acha que eu falo brincando...
Quando me perguntam por aí sobre meu pai (que não conheço), eu digo sempre: meu pai é Lula. Tem gente que acha que eu falo brincando...
Nenhum comentário:
Postar um comentário