26 de out. de 2014

Há quase vinte anos, quando a novela Rei do Gado foi exibida a primeira vez, eu era um menino de cerca de dez anos. Não lembro em que casa morava na época, nem se morava com minha mãe ou minha avó. Mas lembro que acompanhei essa novela do princípio ao fim. Já me esqueci de praticamente tudo o que aconteceu nela, mas duas cenas me marcaram. Uma foi, no primeiro capítulo, a cena do filho abandonando o pai. A segunda cena me pareceu mais estranha. Nela, um senador discursava, indignado com os conflitos no campo, para um plenário vazio. Aquilo não me gerou impacto. Não chorei, não me choquei. Apenas observei aquilo procurando entender algo, sem conseguir. Apesar da aparente indiferença, me chamou muito a atenção. Me marcou por muito tempo. A novela foi exibida outra vez, mas eu já era um sujeito grandinho, metido a compromissos fora de casa, e não pude acompanhar. Surgiu a internet e o Youtube e por anos procurei esse capítulo, em vão. Certa vez, puseram a novela na íntegra na internet, mas encontrar essa cena entre muitos arquivos era verdadeira loteria. Mas esta noite, eis que decidi procurar mais uma vez, e lá está o discurso. Levemente diferente de como minha memória havia registrado - tanto o discurso como a cena -, pelo menos me sinto satisfeito por voltar àquela noite de 1996, quando a assisti pela primeira vez. Agora entendo melhor as contradições por trás do plenário vazio. E infelizmente, novamente não consigo me chocar com o que vejo.

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