Naquele quarto onde até a respiração era difícil, eu não precisava de
tormentos emocionais para completar o pacote. Sentia-me muito desolado.
Bebi um pouco, mas mesmo aqueles tragos já não me aliviavam como noutros
tempos. Não queria beber. Não queria comer ninguém. Não queria longas
madrugadas nas ruas. Não queria dormir em muquifos, acordar em sarjetas,
vomitar na beira do mar, com o sol nascendo e sem que eu o perceba. No
sufoco daquelas paredes e daquele quarto sem luz, eu pensava que nada
daquilo me representava, eu não era aquilo, eu não devia estar ali.
Todas essas coisas eram o mesmo filme antigo que se repetia diariamente.
Eu podia pensar em algumas maneiras de me matar, mas meu conflito na
ocasião não era com a existência; era, isso sim, com o que eu havia
feito dela.
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