15 de jan. de 2014

Estava me lembrando duma antiga diversão minha... criar times de futebol imaginários. Criei mais de 50. Mas não apenas criar times de futebol; eu dava também nome a cada jogador titular, técnico, reservas e respectivas numerações, assinalando a posição de cada um. O goleiro Rubão, do Genipabu F. R. era meu favorito, bem como o zagueiro Neves, do Diamante; contudo, os times exigem um símbolo, de modo que tratei de criar um brasão para cada clube; no entanto, eu ia além de criar times, símbolos e jogadores: formulava também os campeonatos nos quais esses times iam jogar. Alguns desses campeonatos contavam com mais de 500 jogos, e eu organizava tudo corretamente, rodada por rodada, pra nunca bater os horários de cada time; além de formular os campeonatos, eu ainda marcava o resultado de cada partida, seja jogando dados, seja marcando cartelas de olhos fechados ou qualquer coisa parecida. Quando estava entediado em casa, fazia um pequeno campeonato de bairro imaginário - tudo no meu caderno, sem sair do sofá. Nos grandes torneios da imaginação, o Genipabu se sagrava quase sempre campeão...



Lembro-me de quando entrei no CEFET e passei a comandar a pasta de esportes do Grêmio Estudantil.
Minhas antigas ideias de torneio, que eram apenas saudade, ganharam possibilidade de tomar corpo real.
Passei a organizar todos os calendários, horários de partidas e tudo nos Jogos Interclasses.
Durante quatro anos, organizei todos os torneios, que variavam de 12 a mais de 60 times participantes.
Organizei inclusive o maior campeonato da história da instituição, a Copa Nilo Peçanha, em 2002.
Aperfeiçoei meus conhecimentos, pois passei também a marcar locais distintos para as partidas.
Além disso, conheci a regulamentação de arbitragem, já que contratávamos juízes credenciados.
Passei também a me inteirar da temática da premiação, pois comprava medalhas e trofeus.
Até briga generalizada entre jogadores e torcida dentro de quadra precisei contornar.

Tornei-me tesoureiro do Grêmio um ano depois, presidente no ano seguinte,

mas continuei eu mesmo organizando todos os torneios, por livre vontade.
Lembro-me do último campeonato que organizei.
Por honra, não precisava somente elaborar: queria também ser campeão.
Éramos o Jurassic Team (turma dos veteranos repetentes); vencemos todos os jogos.
Conseguimos ser o time mais carismático daquele campeonato.
Até que chegou a final...

A oração antes do jogo no vestiário foi um dos momentos mais emblemáticos da minha vida.

Depois de uma dramática partida, com duas viradas no resultado,
finalmente perdemos por 4x3. 

Quando entrei no vestiário - desci minutos depois de toda a equipe - Rafael Moura estava aos prantos,
também não me segurei.
Choramos todos, e eu passei anos sem falar com alguns dos companheiros.
 Estava com ódio, triste, deplorável. Por muito tempo não reagi bem a essa derrota.
Com a maioria nunca mais tive contato.
Aquela velha brincadeira se tornara sério demais.
Nunca mais organizei campeonatos depois disso, nem reais nem imaginários
e pouco joguei.
Eu, Marquinho, Rafael, Allan, e Ademis no gol; éramos nós o time.
Dando-nos força e acompanhando-nos nos abraços e choros, o Bira
Grande Bira, que sorrateiramente nos deixou - Grande Bira... Grande Bira...
Saudades dessa rapaziada. Hoje percebo o quanto foi rico aquilo tudo.
E voltei a sentir gostosas saudades daquela antiga diversão de criança...
Que bom.


2 comentários:

Lugar Nenhum disse...

Gosto de ler esses escritos simples.

Beijos!

Leon disse...

Beijão Iza, muitas vezes são mesmo os que dizem mais...