30 de mai. de 2012
Esses dias encerrou, enfim, o período de homologação do concurso da Funai. Acabou-se o que era expectativa, o que foi desejo, o que inclusive foi sonho. Fui 27° entre muitas pessoas do Brasil inteiro, posição inesperada, mas que pra mim foi muito significativo, porque veio num momento em que eu precisava desse resultado. Fazer o concurso da Funai foi mais uma aventura do que um propósito. Mais do que nunca neste caso, eu percebi o quanto o processo é mais importante do que o produto final. Lembro-me como hoje dos dias de estudo, dos livros comprados, baixados, das apostilas meticulosamente montadas conteúdo após conteúdo, dos infindos artigos lidos de biologia, estatística, contabilidade, técnicas agrícolas, antropologia indígena, e mais ainda de todas as curiosidades relacionadas ao trabalho do agente em indigenismo. Lembro-me como hoje das brigas na comunidade da Funai, onde muitos se conheceram e até esses dias trocavam informações e expectativa de convocação. Lembro-me do chat do qual participei e conheci pessoas destacadas, notadamente a Flal, que escreveu um livro-reportagem e eu tive a honra de escrever o prefácio, a Lilian, o Júlio, o Wellington, com quem eu ainda converso hora ou outra, e o Cristiano, que por ventura conheci em Recife no local da prova; lembro-me também da viagem para Recife, de moto, a última viagem para fora do estado que fiz. Lembro-me do apartamento alugado de Ramon, que em demonstração de indubitável amizade me deu as chaves de sua casa para que eu me acomodasse e por lá permanecesse isolado no final de semana, concentrado para a prova, ainda que na ocasião eu já não conseguisse mais me concentrar; estava desconsolado com a concorrência de mais de 100.000 pessoas para esse concurso atípico. Lembro-me da Magaly, querida amiga que conheci pelos blogs anos antes e que me oferece na mente as boas lembranças da manhã de sábado em que nos encontramos lá e por duas ou três horas conversamos. A memória de tudo o que se refere à Funai é assim, avulso e desordenado. Desde a primeira vez, precisamente em dezembro de 2009, finalzinho do ano, vi a o concurso aberto na internet e me inscrevi imediatamente para a prova que seria três meses depois, como se tivesse recebido algum aval misterioso para fazê-lo, logo eu que nunca me liguei em estudar pra concursos e, portanto, nunca me dei bem, mas nesse estudei e me saí bem, e poderia ter galgado as dez posições que me separaram dessa profissão se eu não entrasse numa desmotivação profunda duas semanas antes da prova, ao ver a concorrência, o que me fez estancar todo o meu cronograma de estudo justo quando estava mais intenso - o estancamento foi tão abrupto que até hoje o cronograma está colado na porta de meu guarda-roupa. Ali foi o marco final do meu desejo de ir à Funai, e infelizmente sou muito movido a desejos e empolgações. Por isso que mal cheguei a comemorar o resultado final. Orgulho-me dele, me trouxe uma sensação de dever cumprido, mas não resgatou os sonhos que eu alimentava enquanto estudava, e que visualizava nas muitas noites em que adormecia pensando no futuro, os dias de trabalho, os relatórios montados, os estudos pessoais, as muitas viagens para ver a família, a conta bancária, os livros, a vida nova noutra região, e sempre me perguntava se eu deixaria tudo pra trás, essa pergunta felizmente não precisei responder...
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