... e eu me lembro de quando você falava sobre bons momentos que viveu no passado, e agora vive o contrário, vive esses dilemas diante de coisas que em geral as pessoas tomam como elementos de uma vida bem-sucedida - você é jovem, universitária, está trabalhando, cheia de potencialidades, afinal, mas nada disso a supre existencialmente, quando você mais (pensa que) pode alavancar sua vida, é quando você mais a vê sendo estancada. Eu devo dizer que tenho "gostado" desse seu clima, mas não é gostar num sentido mórbido, a coisa de achar legal você estar com problemas; o que quero dizer é que aprecio a sua sensibilidade diante dessas questões, quando a orientação geral que as pessoas tomam é ignorar essas "crises", essas "viagens", essas "coisas de emo", e aceitarem que suas vidas estejam descendo a ladeira, se artificializando, tomando um rumo do qual não existe retorno seguro, pois daqui a pouco estarão tão envolvidos com seus empregos, casamentos, filhos (independente de quererem ou não), contas de água, luz e essas merdas, e elas mal entenderão como suas vidas ficaram amarradas desta maneira. Ou seja, emprego, filhos, não são coisas ruins em si - o problema é quando eles vão-se entrando na nossa vida sem nos darmos conta, sem entendermos bem como chegamos nesse destino lúgubre que é aquilo que chamamos de "vida normal". Deu vontade de falar mais, mas não somente de falar, mas de escrever sobre também, já que não há nada que aguce mais a sensibilidade do que quando o outro a expressa antes, assim, de maneira tão urgente quanto vigorosa como você acabou de fazer. Por ora, eu encerro sendo não somente complacente, mas compartilhador de seus dilemas: eu também queria essas mesmas coisas que você, só nunca soube exatamente como dizê-lo... agora eu sei.
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