8 de fev. de 2016

are you talkin' to me?




hoje completa mais uma decada, entre outras tres ou quatro, o filme taxi driver, que ate hoje nao sei se me ajudou ou me atrapalhou na ocasiao em que o vi a primeira vez - uma decada atras -, fugido, jubilado, desempregado, drogado, e, como travis, ansioso por encontrar alternativas para voltar a vida social... quando nem taxista eu pude ser, pensei que era meu fim. estava a caminho de tornar-me um pária definitivo. mas apareceu aquele maluco, que eu conhecia de aventuras políticas juvenis, que me viu fudido e disse:
- voce quer um emprego? eu lhe dou o meu.
- mas o que porra tu faz?, eu perguntei.
- nada. carimbo, preencho ofícios e uns gordos que não conheço assinam. mas você quer um emprego e eu quero ajudá-lo.
e assim ele fez. deixou o emprego e eu fiquei em seu lugar. claro que ele tinha alguns planos b. não era nenhum buda desapegado da vida; ele já queria largar o emprego e precisava de alguém pro lugar. mas ainda assim, vi valor no seu gesto. foi por causa desse gesto talvez trivial que consegui ver o azul do céu apos uma longa noite fria.

depois as desventuras políticas juvenis que nos aproximaram tratariam de nos afastar. e o calvário dele, diga-se de passagem, ainda estava para chegar, mas nenhum de nós sabíamos. não pude ajudá-lo, portanto. ingrato, eu? talvez. prefiro nao pensar nisso
para nao correr o risco de voltar dez anos no tempo. ele ja esta bem.

mas foi por não ter conseguido ajudá-lo que hoje me disponho,
com mais desprendimento, de maneira quase urgente,
a ajudar outras pessoas.
tenho menos a oferecer, mas, como ele,
nunca peço nada em troca.

acho que é assim que se aprende lições na vida.

ninguém precisa carregar culpa por nada, nem por si mesmo, nem por ninguém.
com taxi driver entendi isso um pouco melhor.



Um comentário:

Anônimo disse...

Filme forte...